União de facto

Massajavas as palavras na mestria sensual

Com que as Gueixas imperiais

Preparam a cerimónia do chá.

Nesse ofício verbal de declamar a chama

Que as palavras largam como cometas.

No rastro de ti me encontrei

semeando as ervas afrodisíacas dos momentos

apanhando os cogumelos ulcerosos dos corpos.

Tu, que encantas os passaros com poemas

Trinados na lingua dos poetas mortos

E que na tua se encontram esvoaçando

Em mil temas.

Sou de ti o aprendiz

De feiticeiro, enfeitiçado pelas letras

O almofariz onde amassas com erotismo

Verbos de prazer como no início.

Sou uma espécio de vício.

Sou uma espécie de vício...

És quem me diz

A boca pela boca tua

A palavra na palavra muda,

quem me ensina o sexo

no sexo ensinado dos animais

És quem me envolve sem paradigmas

Na lingerie fina da seda

dos bichos que acasalam fora dos casulos,

já borboletas

e no jogo frugal das petas

resolves com metáforas os enigmas.

Para o banquete frugal dos bruxos

Trouxemos uma união de factos:

Substantivos, adjectivos e advérbios

E para matar os tédios

Bebemos o alcool por repuxos

que extrais do orgasmo seival dos cactos

Na nossa lua de Mel

Dissemos poemas de Pansy, a poetisa Lia

e em alquimia

Revertêmos em ouro, Tudo o que luzia.