SOBRE O OLHAR DO POETA (Para Jorge Luís Borges)

Debruço-me sobre o olhar de Borges

Que se perde na imensitude do vazio

Espaço onde medram medo e silêncio

E as formas se diluem na escuridão.

É lá, recluso em solidão monástica

Que o Poeta debate-se consigo mesmo

E faz desse entrevero, sua obra

Painel ambíguo, auto-retrato, nunca!

A essência íntima do Poeta

É matéria volátil e fugidia

Que escapa por entre os dedos

Feito areia, antes presa numa ampulheta.

E quando suas palavras cifradas

Atravessam o escuro, em fuga

Nada lembram do lugar onde foram geradas

Enquanto o Poeta sorri, esfingemático. . .

- por JL Semeador de Poesias, em 06/10/2015 -