SAMBA DO POETA CLEPTOMANÍACO

Lá vem o poeta descendo a ladeira

Ele cruza a soleira

De botas longas

De barbas longas

Lá vem ele com sua coroa de louro

Metendo poesia

Onde devia e não devia

Enquanto por aí

Comandantes loucos ficam

Organizando batalhas

E a cada conflito mais escombros

O poeta dá de ombros

Às guerras sem razão

Tantas crianças

Com armas na mão

Como Poe, poeta louco americano,

Ele pergunta ao passarinho:

"Black bird, o que se faz?"

Assum-preto lhe responde:

Esse passado, nunca mais...

O poeta segue em frente

Escrevendo torto no muro

E saí da mira

Como o cantor já dizia

Poeta bom é poeta morto