Sonho Azul

Não existe côr

na paleta do pintor

que pinte a côr

dos teus cabelos-cometa

porque trazes o mar

nos olhos a pescar

raso de gaivotas a voar

e na praia branca do teu corpo

cheira ao cheiro dos laranjais

e há um vento norte sem porto

a soprar por onde vais

Deusa do meu sonho-poema

onde calço

os meus nos teus passos

e me dispo

preenchendo os teus espaços

ébrio na liberdade do fonema

Gostava de poder

sobre o branco nú

do teu corpo escrever

poemas a tinta-crú

que dissessem o amor sem tino

sem dor nem nexo

e falassem de sexo

em sereno desatino

e depois de revelado

ficasse

o teu corpo escrito deitado

à deriva na paisagem dunar

e amanhecesse eu contigo

sem precisar de falar.