Na igreja das dores eu sou ateu
As dores de amores
Quando escancaram entranhas
Causam estranheza
Fazem-nos jogadores e joguetes
Atiram-se como aríetes
Contra as portas dos castelos da razão
É porque se acham as tais
Querem ter o domínio e a direção
Para tanto não economizam lágrimas
Querem sangue e ferem se preciso for
Tornam-se mesquinhos nossos sentimentos outros
Enfim é um engodo
Querem ganhar o jogo na emoção
Não caio neste engodo
Nestas frescuras do coração
Se a dor for aguda de fato ou se for fraca
O santo remédio é um só
Chama-se: Outra
Do contrário entre na dança
E sambe miudinho na frescura
No esmalte
Na superfície
E depois é só sair por ai rimando amor e dor
Isso já cansou a beleza
Nessa reza não ajoelho
Nessa igreja não comungo
Ainda mais eu que tenho o coração vagabundo
Cigano e ateu