Querido...

Querido, sobre a lápide que sombreia,

Hás de um poema de ternura escrever

O vento, ao lê-lo, me dirá, entre areia,

Do eflúvio das manhãs que não posso ver.

E, tarde sobre tarde, quando do ocaso,

Na ronda eterna do sol que se vai ao leito,

Se romper um som brando vindo do raso,

Sou eu brotando do chão onde me deito...

E, para um dia mais cinzento e mais triste,

Envolve teu olhar com o meu retrato,

Sai, vai vagar na rua, o céu te assiste,

Sem mais respostas, some no mundo ingrato...

Querido...segue tua sina sem mim

Não há por que também ser teu o meu fim

lizeteabrahao@terra.com.br