Que m'escutem

Explodem-me videntes os olhos

nas mil imagens da palavra

abrem-se paisagens aos molhos

na minha alma leda e rara

Na escrita das cavernas

projecto-me para o mundo

espécie de poço sem fundo

ilusão de sombras ternas

Amar só faz todo o sentido

se o sentido não for o todo

e viver em cada um, um tolo

capaz de amar todo o vivido

Mulheres de todas as cores

rosas, lilases, violetas

em todas aprendi as dores

a quase todas eu dei flores

delas ouvi todas as petas

toquei d'alvorada cornetas

e sinos que me badalassem

dentro delas perdi cometas

bebi garrafas sem capetas

e esperei só que me amassem

pedi demais, vivi demais.