Efêmera vida

Trago no peito tantas memórias, tantos sentimentos que, vividos ou não, enchem meu coração de alegria e pesar...

Meus pés ainda trazem o pó das estradas por onde andei, não satisfeitos, anseiam pela nova jornada, sem se dar que o caminho nunca cessa.

Meus olhos, que já viram montanhas, vales, mares, florestas, cachoeiras, ainda querem mais, não se permitem o mesmo, não contemplam o cotidiano...

Eu quero mais

Eu quero tudo

Eu quero o novo, eu quero o velho

Eu quero sentir, quero viver

E reviver e tornar a sentir

Eu quero, eu desejo, eu anseio

Eu preciso do teu gosto, do teu cheiro, da tua carne

Eu necessito conhecer-te, ver-te, tocar-te

E saber-te minha, presa em tuas garras, amarrada às tuas asas

Sentindo tudo o que é teu e ver brilhar em minha retina cada beleza tua

Eu procuro o teu rastro, teus caminhos, tuas brechas

Dá-me, entrega-me, permita-me

Tudo o que busco nessa infame existência

É tocar-te e senti-la ao meu alcance

Fazer-te parte, fingir, por um instante

que é minha, que te possuo e te governo

-Ó vida, efêmera e indirigível vida,

só por um momento, deixe carregá-la em minhas mãos....