A MOÇA

A moça se olha

diante do espelho e se abre

num riso por

ser vaidosa.

Imatura, sequer ouve

algum conselho

da mãe, que quer,

sobretudo,

que ela seja briosa.

Mas a moça,

só vê em si a beleza

física, e o que pode,

dela,

tirar proveito

em prol de sua vida fútil,

uma vez que,

ainda não lhe pesa

na alma,

a boa ação moral

provinda de elevado

conceito espiritual.

Na mocidade, usa

com leviandade

o seu corpo elegante,

para que o olhar másculo

lascivo possa desejá-lo.

Sai da casa. Vai à rua.

Olha de soslaio.

Move-se de um jeito

insinuante.

De súbito,

entra num beco deserto,

onde um moço,

que ela conhece, à espera;

e logo se precipita

para abraçá-lo.

Pobre moça, de alma

pobre. Só sabe vender

seu corpo libertino.

De dia, ela dorme.

De noite, ela trabalha.

Aventa o lucro incerto.

A moça bonita pensa

que é feliz, desfrutando

da vantagem advinda

dos prazeres mundanos.

Por enquanto,

a beleza física sustenta

a sua pobre vida.

Ela só não sabe

que a própria alma,

há muito tempo, carece

de beleza interior.

Escritor Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 28/12/2016
Reeditado em 16/03/2017
Código do texto: T5865388
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