Balada da louca que comia poesia

Ela era loura

e todos a chamavam assim

as vezes pintava a boca

de-encarnado-rosa-carmim

beijava a boca do vento

andava envolvida em lençóis

vagava por entre nuvens

aurora, campina, arrebol

era louca

e todos diziam assim

lá vai ela, lá vai ela

e ela olhava pra mim

às vezes tirava a roupa

e dançava como poucas

o último tango em Paris

era louca

e comia penas

sentia dor nas pernas

e corria com as emas

nas manhãs de sábado

ela voava e fazia

careta para toda gente

depois comia poesia

sentada no batente

era louca

e todos diziam assim

lá vai ela, lá vai ela

e ela sorria pra mim

Gildemar Pontes
Enviado por Gildemar Pontes em 11/10/2005
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