Rosa Chá

Já não me domino.

Nem a vida em minha volta,

nem a tarde que se solta,

nem tão pouco as horas...

Nada me obedece.

Meu lápis,

outrora passivo

e agora animado...

vai e vem sem crivo

no papel desbotado.

E eu,

que resmungava de tudo,

me pego a dançar mudo

e a sorrir na tua rua,

na esperança nua

de te ver na janela.

E você... à espreita,

no fim da tarde perfeita

se confunde no horizonte

a despencar além do monte,

e gargalha do meu desejar.

E assim,

sem piedade de mim,

como vil e sem clemência

me revela a transparência

do teu veneno que só há

em teu vestido rosa chá.