Inoxidável

No meio do silêncio turvo

A lágrima fisga meu coração cego

Perambulo entre palavras frias

que alopram meu lado ambíguo

Beijo o instante do medo

Como o que atraí, desfruto o que alivia

Dispo o olhar que atiça

Clareio o passo do escuro

Sinto a pele sussurrada

Com gosto de sal

Fisgo o cheiro da malícia

Meço o gelo do futuro

Aqueço meu canto manso

No voo dos calafrios do meu violão

Misturei o cálice do passado no sumo das boemias

Caminhei sob tons que derramam tristezas

E alegram minhas agonias inoxidáveis.