P R E C I O S I D A D E S (134)

FOGOS-FÁTUOS

Há certas almas vãs, galvanizadas

de emoção, de pureza, de bondade,

que como toda a azul imensidade

chegam ao ser de súbito estreladas.

E ficam como que transfiguradas

por momentos, na vaga suavidade

de quem se eleva com serenidade

às risonhas, celestes madrugadas.

Ao Sonho e ninguém sabe mais por onde,

mas nada às vezes nelas corresponde,

anda essa falsa e fugitiva chama . . .

É que no fundo, na secreta essência,

essas almas de triste decadência

são lama sempre e sempre serão lama.