Mulher traíra

Mulher que trai,

O amor que te tinhas

Queima-se em brasas

E junto à esperança da felicidade se vai.

Teu calor arde na minha pele,

Mas esquenta o corpo de outro homem;

Teu pudor perde-se em tua vontade

Voltada toda para o teu hímen.

Meu desejo de possuir-te some

Quando penso que cedes ao outro,

Temo que de mim o teu coração ele tome

E deixe o meu oco.

Ah, minha mulher traíra,

Tu traçastes minha sorte,

Se tenho que viver assim ou sem ti

Eu prefiro a morte.

Sou tentado a espiar-te traindo-me,

Perco-me na imaginação;

Ah, mulher tentação,

Como posso saber se tu gemes?

Tu tremes de suor frio,

Na cama os lençóis bagunçados,

Os músculos já relaxados

E vejo em teus olhos que fremes.

O teu brio me envergonha.

Nunca fostes minha,

Senão que pertenças a muitos.

Quando eu falar contigo não mudes de assunto.

Ah, mulher sem misericórdia,

Destes-me o golpe final,

Tratei de fazer-te a tão pensada pergunta

E fizestes-me ainda pior esse mal.

Eu vacilo ainda nesses goles de veneno

Que tomo tentando matar-te,

Será que te perdôo

Ou melhor será vingar-me?

Os grilos insistem lá fora,

Enlouquecem a minha razão,

Já temo a minha loucura

E mais ainda a solidão.

Felizes não sei se fomos juntos,

Mas nos fizemos companhia.

A ele que te satisfez

Será que amarias?

Agora percebo que não é a felicidade de uma vida,

Mas a vida de uma felicidade.

Será que ela realmente existia

Ou seria falsidade?

Pois fiz para ti esta poesia,

Para que não esqueças quem enganastes.

Ganhastes em vida uma orgia

E o poeta das tuas mãos perdestes.

Ulisses de Maio

Obs.: Esta poesia é apenas fruto de uma introspecção profunda sobre a perturbação masculina proveniente de uma traição da qual o homem já tomou ciência. Desculpe-me, leitor, se o ofendi.

Ulisses de Maio
Enviado por Ulisses de Maio em 16/09/2007
Reeditado em 05/09/2011
Código do texto: T655101
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