ROSAS

Há razões que desconhecemos

ou desconhecemos estas razões

não falo mais sobre verdades

(simplesmente falo sem preocupações)

num ato de falar

simples como a fruta que cai da planta

deve haver uma razão não-óbvia para a semente

mesmo que a esta desconheçamos

em alguma época não sabíamos sobre as bactérias

e hoje sabemos bastante sobre estas.

Amanhã saberemos o quê?

Não me indago por mero prazer filosófico

indago-me porque sei da necessidade

que me é intrínseca a indagação

não quero ser mártir de minhas indagações

não devemos morrer em vida por ela

vivemos então, beijemos as rosas

e nos indaguemos sobre a razão da ação

sobre as substâncias plasmáticas

que geram e degeneram a vida

arrisquemos já que o bonde está em movimentos

só corremos o risco de errar

e já que o tribunal será santo

valerá a pena ter errado

sabendo que a culpa não é somente nossa

beijemos então as rosas

sem medo de que a vida seja uma dúvida

mas que tem que ser vivida

na máxima intensidade de sua incompreensão.

(18/05/03 - pela madrugada)

Ozimar Júnior
Enviado por Ozimar Júnior em 01/11/2005
Reeditado em 26/07/2008
Código do texto: T66008