DELÍRIO TERMINAL

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Estou a ver

meu verbo haver.

Ponho a venda

e fico à venda.

Talvez dormente,

porque a dor mente.

Trago o fumo;

fumo que levo.

Não me peça

que pregue peça.

Então por ora

não é hora.

E a cerca diz

acerca disto.

A corda nunca

acorda em tempo.

Profundo é sempre

lá pro fundo.

Vá em cana;

cana de açúcar.

Corrente prende;

corrente leva.

Faz o bem

e faz bem feito.

Com raiva, mato;

o mato acalma.

Leio um livro,

me livro e voo.

Acento agudo,

macio assento.

Agora cedo

enquanto é cedo.

Deixo a cena,

que a mão acena.

Já não luto;

chega de luto.

Fiquei partido

por ter partido.

Tristeza à vista

e vista a prazo.

Dei adeus

pra ver se há Deus.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 21/07/2019
Código do texto: T6701428
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