Mosaico

Agora...

quando as horas

se avolumam

e as pessoas fumam

junto ao quadro da sala,

respiro o que a vida exala

nos dias de primavera.

Feito erva que se macera

para o banho de limpeza,

com toda a destreza

me decomponho.

E ante ao futuro medonho,

junto cores em mosaicos

como se fossem meus “cacos”

de sonhos, brisas e espinhos.

Cristais com vinhos...

Aromas de amores:

Seios, nucas e flores.

Num trago manso

ainda me alcanço

no brinde à vida.

Minha taça erguida

reflete a sede

de minha boca de sal...

O silêncio é o sinal

de que na noite a esmo

já não sou mais o mesmo.