Catarse

Eu me superei, emergi dos escombros

Deixei para trás meus medos

Mas com a tristeza devo conviver

Não se pode ter tudo, não se pode

Porém a libertação dos dogmas

Isso eu consegui e não há remorso

Destruí o que me destruía

Hoje vivo o que mais queria

E meu corpo aprova o prazer

E tudo mais que eu possa querer

E dei as mãos para a Morte

Perdi o medo de me arriscar

Em êxtase desci até o inferno

Lá abandonei o meu amor

O coração arranquei com furor

E me deliciei com os meus sentidos

Agora minha amiga, eu sou Eu

E nada do que era seu, ou de outra

Vou levar comigo, deixo-te

Minha leviana e mesquinha amiga

Para o inferno com sua repressão

Com seu afago possessivo

Sim, quero que eu possa viver

Apenas da libertação do perigo

Comigo somente, comigo

Nada da sua truculência

Da sua débil decência

Dos seus símbolos ou tradições

Eu comigo e minha devassidão

Eu com minha crença em mim

Nada de diabos, anjos ou deuses

Apenas a força do homem

Que infinitamente há em mim

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 16/02/2020
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