A COZINHA

A Cozinha espreita co’os olhos de vento,

E as ruas choram de tristeza aqui e agora,

No entanto o Fogão aquece o condimento.

E a Luz da lâmpada grita quando vai embora,

A panela ao lume vai entretanto neste invento,

Com a comida feita pelo dia fora…

Entretanto os pratos na mesa com alento.

Lá andam as barrigas ao luar. O Mundo mora,

Nesta confusão da papelada sem talento.

Aqui vive o momento de sonhar tão fora.

E o Poeta nesta altura não tem pensamento.

Nasceu assim. E a tarde canta na hora.

No entanto o frigirifico traz o vento.

E a máquina de lavar roupa decora,

Pois a banca com o cabelo pardacento.

Todo o dia os Armários da cozinha,

Ouvem a voz do televisor a gritar.

Pois com as mãos de cristal desta alminha.

Se ouve gemer a janela a chorar…

E a um canto da cozinha está…

Uma meia com copos a dançar…

E a minha companheira vá lá,

Tem tido muita pasciencia de me aturar,

E eu digo melhor, a vida é má,

Pra viver assim, pois já basta!

E a cozinha da minha casa,

Que é muito bonita e não me arrasta,

Porque sendo a casa pequena,

É uma grande brasa.

E esta vida é tão serena.

LUÍS COSTA

TÓLU
Enviado por TÓLU em 19/03/2020
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