Linguagem

Fotografei da minha janela

as coisas que vi na rua,

os anjos que vi na lua

e os homens junto a cancela.

Comentei ao pé do ouvido

histórias sem cabimento

e as coisas que em movimento

já não tinham mais sentido.

Escrevi nas minhas memórias,

um beijo nunca esquecido

e o amor de verso gemido,

perdido em noites inglórias.

Cantei a canção mais louca,

o verso menos palpável,

no tom mais improvável,

grunhido da minha boca.

Apaguei a imagem perfeita,

calei a canção em segredo,

rasguei o escrito com medo

e joguei fora a receita.