Um sonho estranho

Eu sonhei que habitava as ruas

Vivendo no meio dos desvalidos

A dor de todos eram só suas

E o passado de todos eram esquecidos

Eram poetas marginais

Buscando na arte um sentido

Alguns me procuravam demais

Para outros passei desapercebido

Com o cair da noite nos dirigimos para um local

Uma comunidade feita de concreto

Ondes imagens seriam refletidas em um mural

Imagens poéticas, misturadas, mas era o certo

Alguns vendo as imagens recitavam

Eu boquiaberto as imagens via passar

Alguns apenas esperavam

O dia lentamente clarear

Uma estranha veio gentilmente me abraçar

Recitando versos com as imagens que iam passando

Com seu calor começou a me beijar

Me deixando um pouco desconcertado

A noite avançava e o dia chegou

Saímos do local depois de uma longa espera

A moça de braços dados comigo ficou

E de alguma forma ela sabia quem eu era

Trocamos breves palavras, mas sinceras

E ela me perguntou para onde eu iria

Expliquei que dormiria na rua, ou nas salas de espera

De algum abrigo que por ali existia

Foi um sonho estranho, éramos acompanhados por cachorros

E muitos se aconselhavam sobre suas rimas comigo

Eram pessoas vindas de todos lugares, inclusive dos morros

Dos subúrbios, de vários lugares e pareciam meus amigos

Acordei e refleti sobre a situação

Tive afeto de uma desconhecida

Ela não quis falar sobre sua solidão

E eu me misturei sem pensar no meio daquela massa falida

Estou ouvindo uma música, da banda Disturbed, uma versão de The Sound Of Silence

Foi um sonho de verdade, mas encontrei nas ruas amor, união e um pouco de calor.

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 14/09/2020
Reeditado em 14/09/2020
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