Divagações...
Quem me dera poder olhar para o mundo
E dizer que nele posso realmente viver
Pois na minh’alma o que há de mais profundo
Sempre irá de alguma forma me contradizer
E há quem diga que sobre mim escrevo
Somente com o que vivo eu saiba lidar
E agora então serenamente transcrevo
O que realmente minh’alma sabe falar
Não é na poesia somente que me encontro
E nem só nela que descarrego minha loucura
Se dentro de mim existe um eterno confronto
Há também felicidade, amor e um tanto de ternura
E a loucura que alimenta o que escrevo
Não me permite ficar apegado ao ego
O que eu realmente no final das contas percebo
É que escrevo muito sobre mim e não nego
A negação é um alimento que não me satisfaz
É um alimento dado aos que não aceitam a vida
Eu entendo que minha dor me atira para trás
E mesmo assim, a dor não pode ser esquecida
E as feridas, cicatrizes que carrego comigo
Fazem parte de uma vida quase sem história
Se hoje escrevo para todos ou para um amigo
Em outros tempos, escrevi me sentindo escória
E mergulhado em meu eu, sem me apegar ao ego
Tento escrever sempre que a inspiração permite
Escrevo por assim dizer, as vezes e isso eu não nego
Sobre questões que desconheço, ou por puro palpite
E não serei, creio que jamais pensei em ser
Um poeta venerado ou apenas um maldito
Escrevo o que sinto e as vezes sem querer
Escrevo sobre muitas coisas e sobre o que não foi dito
Não há em mim a vaidade esperada
Nem o desejo de ser eternizado na poesia
Não há em mim eu digo, quase nada
Apenas dor e um pouco de alegria
Sendo assim humano e desconhecido
Escrevo para tentar em linhas me reconhecer
E com o passar dar eras, quando estiver falecido
Creio que nenhum livro sobre mim a vida irá escrever
Portanto sou apenas humano e estou convencido
Que escrevo muitas vezes para o meu próprio prazer
E mesmo que eu seja um dia totalmente esquecido
Terei escrito apenas para tentar com tanta dor sobreviver
Ouvindo The Poet and the Pendulum da banda Nightwish