Apenas eu (Dia de recolher obrigatório)

São 17,30h. Aqui, debruçada na minha janela, olho a rua. Nada mexe, até o vento se ausentou. Há um silêncio que mete medo.

Apenas dá para ouvir ao longe o chilrear dos passarinhos nas àrvores do jardim que fica por detrás destes prédios.

O dia já escurece, as luzes ainda não acenderam, e o dia fica triste, quase mortal.

As luzes acenderam. Passou agora uma ambulância em alta velocidade e logo atrás um carro da polícia. Que terá acontecido?

Todo este silêncio é medonho. Não há vida, só tristeza. Resta-me recolher e encostar-me no sofá. Tenho a televisão que me faz companhia até o sono chegar, e quando acordar, tudo voltará ao normal, meio normal, porque a máscara passou a ser a nossa companheira. Mesmo que me custe respirar não a posso tirar. Tenho de proteger os outros e a mim própria.

Abraços só vituais e à distância.

Maria Custódia Pereira

15/11/2020