O amanhã
Costa livre para a navegação
abduzida em prol de ficar na praia,
dentro da faixa de areia
a franja do mar se retrai,
some quase toda na maré baixa.
-
Tintas do mar agora verde-musgo
reincidem também melancolia,
ostra se fecha e dorme a pérola
no escuro do ventre da concha.
-
Ontem o mar era diverso
para as ondas poderem beijar
os pontos mais altos da saia
túrgida de areia branca,
ontem foi o dia do amálgama
de hoje, hoje há a areia seca
e quente muito difícil de pisar.
-
Sol, areia e mar não se entendem
antes da privacidade do crepúsculo.
Urgência não há após a hora
do sonho realizado ou não.
-
Hoje a areia não traduz o pleno
conforto que há na resignação,
a chuva de verão é necessária
para devolver o mar à praia,
chuva como se fosse água-benta
capaz de refrescar a fé ou a força
de vontade, antes do amanhã.