O amanhã

Costa livre para a navegação

abduzida em prol de ficar na praia,

dentro da faixa de areia

a franja do mar se retrai,

some quase toda na maré baixa.

-

Tintas do mar agora verde-musgo

reincidem também melancolia,

ostra se fecha e dorme a pérola

no escuro do ventre da concha.

-

Ontem o mar era diverso

para as ondas poderem beijar

os pontos mais altos da saia

túrgida de areia branca,

ontem foi o dia do amálgama

de hoje, hoje há a areia seca

e quente muito difícil de pisar.

-

Sol, areia e mar não se entendem

antes da privacidade do crepúsculo.

Urgência não há após a hora

do sonho realizado ou não.

-

Hoje a areia não traduz o pleno

conforto que há na resignação,

a chuva de verão é necessária

para devolver o mar à praia,

chuva como se fosse água-benta

capaz de refrescar a fé ou a força

de vontade, antes do amanhã.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 13/02/2021
Código do texto: T7183360
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