Quando atravessastes a porta,
minha poesia quase morta
num suspiro improvável,
me trouxe à tona.
E diante da imagem
assim quase divina,
perguntei-lhe em surdina:
- Onde estavas até agora?

Minha alma de poeta,
Voraz e louca
congelou diante da tua boca
de sorriso lindo,
de palavras finas
e de gemidos, ainda não meus.

Num espaço de tempo
que jurei ser infindo,
esperei por tua sombra,
indo, vindo e insistindo
no meu erro sem fim
E perguntava:
- Como podes estar tanto tempo
distante de mim?

E quando agora,
essa mesma boca
diz que minha alma
nunca reparou na sua,
eu grito olhando para a lua:
- Como nunca percebestes?

Nas nossas noites sem fim…
Nos nossos dias de sol…
Na nossa vida velada…
Só me importa esse querer.
Mais nada.