Como um abraço II

Desfez-se o abraço.

Já não existe mais o homem, nem tão pouco o menino.

Porém os nós, Ah! Estes ainda doem.

Nós dos sentimentos.

Nós das prisões sem grades.

Nós dos pássaros nas gaiolas.

Nós dos amores impostos.

“Nós” não queríamos os nós.

“Nós” só queríamos os laços.

Laços brancos nos vestidos das meninas.

Laços nos cavalinhos de pau dos meninos.

Laços de amores nas esquinas que escondem... escondem...

Ainda mesclados de homens e meninos.

A cadeira embala os sonhos e as horas.

E a lucidez é frágil e pura como um menino....como um menino...

Eu vejo o tempo, eu vejo o menino correndo...

Como na canção do Roberto.

A morte-sono acalenta o corpo do menino.

Como no poema de Demian.

A vida se esvai. A cada instante, o compor do tudo em nada.

Aos poucos, perde-se a consciência...estagna-se.

Agora só o menino dorme,

Sem os nós...abrem-se os laços.