Briga na Feira
Num ensolarado dia de sábado
Bem no meio da feira
Alguém grita a plenos pulmões;
- Cabra filho de uma égua !!!!
E faiscou ao sol do meio dia,
O brilho prateado das pexeiras.
Doze polegadas de aço frio e vazado,
Amolado do pé a ponta.
Empunhada uma em cada mão
Tal qual navalha de barbear.
E enquanto a ignorância
Se digladia com a estupidez
Correm em desespero,
Homens, mulheres e meninos.
E espalham se pelo chão poeirento,
Feijão, milho, arroz e farinha,
Entre cacos de potes e panelas
Numa orgia de sangue e insensatez.
Agora ao entardecer
Quando os sinos da matriz
Plangem a Ave Maria,
O vento morno do sertão
Cobre de poeira amarelada
O sangue e a estupidez
Dos cabras valentes.
E numa mistura de sussurros e lamentos
Alguém entoa uma incelência
Para encomendar as almas.
Fernando Alencar
Camaçari, 18/09/2014