DO QUE EU SOU
Eu sou quase tudo que se queira,
tudo que em mim se queira ver,
achar, imaginar, sentir;
Eu sou vento meio frio
no quase outono do Rio,
brisa que desaparece ligeira,
movimento rápido,
rasteira que se dá em si mesmo,
talvez, um teorema ainda não demonstrado,
raiz de n elevada a infinito,
uma voz que diz poemas suaves,
mas, toda vez que me sufocam: um grito!
Eu sou o som dos tráfego matinal
que me invade pela janela,
um quê incerto e impreciso,
pedaço que ninguém quis ler,
de um rejeitado jornal de amanhã;
Eu sou olhos ardido de insônia,
um mosquito que não consigo matar,
monte de lembranças empilhadas
feito roupas que não mais se quer usar;
Eu sou isso, não sou aquilo,
eu sou viagem de trem
que se perdeu fora dos trilhos
e lá ficou, sem ser procurado por ninguém;
Eu sou um cabo de faca afiada,
um bago duro de jaca,
sou desfraldada bandeira,
ícone do mais puro amor,
sempre pela vez primeira;
Eu sou um paraíso perdido,
de poemas, um mero catador
que revira as sobras do passado
em busca do Santo Graal.
Eu tento, mas nunca consigo
ser um cara normal...
- por JL Semedor de Poesias -