Poesia, a prostituta dos poetas

* Publicado na Antologia "Tudo é Poesia" da editora Litteris em maio de 2006.

Procurei entender o poeta e não consegui.

Como pode alguém pensar cantando e falar calado?

Rabiscar por dias frases bonitas num pedaço de papel

Sem ninguém saber o que ali foi escrito

E perder esses rascunhos?

Não importa, ele escreve outra vez.

Faz poesia com mulheres, viajando nas ondas do amor.

Até mesmo com o papel perdido,

Ele faz outro poema.

Sai rimando perdido com querido, ferido, escondido...

Não se pode descrever o seu humor.

Chora de alegria e sorrir com a dor.

No mesmo livro de poesias,

Fala da natureza, da beleza, da realeza e da pobreza.

De onde então vem esse dom?

Um criador que não projeta,

Não tem hora, nem local para transcrever os seus sonhos.

Quem ama sempre o que escreve será que sente solidão?

Acho que não.

Não consegui entendê-lo,

Mas descobri algo importante,

Ele sempre terá companhia, seja na cama ou no gueto,

Pois a poesia é a prostituta dos poetas.