CAIS DO CAOS
Demétrio Sena - Magé
Quando formos libertos desse fanatismo,
restará de quem somos o que sempre resta
duma festa, uma feira, uma enchente ou incêndio
e ninguém saberá se tem chão sob os pés...
Ao nos virmos de novo, em tempos mais humanos,
cataremos a xepa do brio e do sonho
entre perdas e danos nesse cais do caos
que o futuro desenha pra nos avisar...
Mas nós temos poder de ressurgir do toco;
somos muda e semente que vencem desertos,
coco murcho com broto escondido na casca...
Saberemos da lava, do carvão, da cinza
ou da cara ranzinza do fim desta era,
que do fundo do poço só dá pra voltar...