saudades

que saudades dos corredores humanitários

abertos pelos USA e aliados no Iraque

para a população fugir das zonas de conflito,

torturando em Abu Ghraib os teimosos

insistentes em permanecer em suas casas,

saudades só não maiores porque lá são mantidas

as bases militares agressoras da soberania

iraquiana. saudades da prisão de Guantánamo,

de George Bush Filho e do mentiroso Colin

Powell, ninguém menos do que quem mentiu

sobre a existência de armas químicas no Iraque.

que saudades do país que promoveu a guerra

sem dar bola para ONU, que não a admitia.

que saudades de Dick Cheney – o vice-presidente,

aquele que só aceitou compor a chapa se

fosse lhe dado o controle do uso das Forças

Armadas, que teve uma filha lésbica e não

aceitou candidatura direta ao maior cargo,

ao cargo de homem mais poderoso do planeta,

porque sempre condenava o homossexualismo.

que saudades da violência tesuda e viril

com pretensões ainda de ser o antigo novo

homem, saudades do moralista republicano

que depois todos souberam ser um pedófilo,

que saudades da guerra na Líbia destruída,

que teve destituída do poder tetrarca polígamo,

e de a Líbia arrastada a convulsões tribais em luta.

que saudades mais remotas do golpe de estado

na Guatemala, que destituiu Jacob Arbens Guzman,

coronel nacionalista que incomodou a United Fruit

por ter querido realizar uma reforma agrária,

e cobrar impostos da companhia estrangeira,

como país maior produtor do mundo de bananas,

chamada de República das Bananas por causa disso.

que saudades desse mundo mais humano

no qual o sangue alheio derramado não me

incomodava. Como me incomoda, justamente,

o sangue derramado na guerra da Ucrânia.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 17/03/2022
Código do texto: T7474494
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