PR E C I O S I D A D E S (292)

ADOLESCÊNCIA

Eu era uma alma fácil e macia,

claro e sereno espelho matinal,

que a paisagem das coisas refletia

com a lucidez constante do cristal.

Tendo os instintos por filosofia,

era um ser mansamente natural

em cuja meiga ingenuidade havia

um alegre intuição universal.

Entretinham-me as ricas tessituras

das lendas de ouro, cheias de horizontes

e de imaginações maravilhosas.

E eu passava entre as cousas e as criaturas,

simples como a água lírica das fontes

e puro como o espírito das rosas . . .