Sagração - Por Donzela do Gelo

Na terra arrastada e vermelha

na sagração do pó

entoava rios e avançava

era noite sim,

noite não, quase um rito

ele cantava com uma boca

impossível e ficava a espera

duma brecha

duma aparição

visão dum anjo

na noite que caia

madrugada a dentro

perdido forjado de cinzas

mais alto cantava

pois queria a moça

então ela, na madrugada

escarrava seu arsenal de zinco

em risadas paralelas

e cerrava sua janela

a espera do silêncio

daquele vício

e nada mais lhe dava

além dos risos

E ria, risos e ritos

que ecoavam na terra vermelha

baldia

Na terra vermelha

vazia do cantar dele,

no grande terreiro,

na terra vermelha

vasta e silenciosa

Por Chris Fonte - Donzela do Gelo

Donzela do Gelo
Enviado por Donzela do Gelo em 24/07/2022
Reeditado em 24/07/2022
Código do texto: T7566830
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