A Decisão

A Decisão

Quinze pontadas no seu intestino

Ela notou antes de se embrenhar

Na escurez de um bosque citadino

Era uma negra noite sem luar!

Mais que depressa subiu o vestido,

Acocorou-se sobre a grama fria;

Estava aflita, mas tinha vencido

A pravidade que lhe contorcia!

Se espremendo como um passageiro

No desconforto de um vagão lotado,

Oblou ao céu o putrescível cheiro

Tal qual um fumo que foi evolado!

Berravam forte, ventos inquietos...

Imaginando da treva através

Sentiu a vasta fauna dos insetos

Perturbadora lhe roçar os pés!

Os faniquitos aliviadores

Convulsionavam seu semblante inteiro,

Mas suas pernas, acusando dores

Lhe atentaram para um formigueiro!

Incomodada levantou-se aos saltos

Se estapeando agonicamente

E por instinto os insetos cautos

A atacaram até ficar dormente!

O curioso deste nosso fato

É que depois de todo desespero

Ela deixou o luxo do banheiro

Para poder cagar no mato!

Moreira Júnior
Enviado por Moreira Júnior em 28/01/2023
Reeditado em 29/01/2023
Código do texto: T7705752
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