P R E C I O S I D A D E S (334)
M E U T R A P O
Dos trapos todos, meus, que estão guardados,
há um, dentre os demais, quasimodal.
Quis pô-lo fora, certo dia, e o coitado
sorriu-me, com sorriso fraternal.
Que estás sorrindo, hein, trapinho errado ?
O pobre trapo não falou, sorriu formal.
Senti dele, naquele jeito ousado,
uma carícia leve, um quê de bom, leal.
Compadeci-me dele, e de mansinho . . .
Fechei-o na gaveta, o meu trapinho.
Dos trapos todos, talvez o mais querido.
Quer saber qual é ? Se você saber quiser
conto-lhe já ! É um retrato de mulher.
O retrato do meu trapo combalido.