P R E C I O S I D A D E S (337)
O "A D E U S " DE T E R E S A
A vez primeira que eu fitei Teresa,
como as plantas que arrastam a correnteza,
a valsa nos levou nos giros seus
e amamos juntos. E depois na sala
"Adeus" eu disse-lhe a tremer co'a fala.
E ela, corando, murmurou-me , "adeus".
Uma noite entreabriu-se um reposteiro
e da alcova saia um cavaleiro
inda beijando uma mulher sem veus.
Era eu era a pálida Teresa !
"Adeus", lhe disse, conservando-a presa.
E ela , entre beijos, murmirou-me, "adeus !
Passaram tempos, sec'los de delírio,
prazeres divinais, gozos do empíreo.
Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse - "voltarei, descansa " !
Ela, chorando mais que uma criança.
Ela em soluços murmurou-me : "adeus" !
Quando voltei era o palácio em festa !
E a voz d'Ela e de um homem lá na orquestra
preenchiam de amor o azul dos ceus.
Entrei ! Ela me olhou branca, surpresa !
Foi a última vez que eu vi Teresa !
E ela arquejando murmurou-me, "adeus" !