O POEMA E O SEU CAMINHO
Talvez por ainda não ter
a devida consciência
Continuei a crer na luz,
Em danças na floresta
Fluidos e solos de cantos.
Inquietamente ainda acreditava
No tempo deslocado por mundos
Onde repousasse a aurora
Onde a lisonja fosse vã
E os pequenos pontos
Constituíssem o alicerce da vida,
Onde os segredos estivessem em lápides
Confissões fossem proibidas
E todas as coisas fossem claras
E límpidas como um amigo
Talvez ainda por ser ingênuo e doce
Continuei a crer nos povos
Sem venenos nem malicia
Onde os velhos vivessem mais
E tomassem da rosa como a uma jóia
A despeito de tudo o mais,
A despeito da força e do horror
Mas escrevo estas frases, escrevo
Com um nó na garganta, uma raiva
imensa e nada santa nem divina
Traçada no branco da página
Tentando colorir com a mão
Com a alvura e a maciez
Este campo desolado