Entre Paredes e Palavras

Entre Paredes e Palavras

Entre paredes verdes

e pés alados

culmina a chama dos sonhos

ferve o sereno da mente

verte o passado crespo

cicatrizando o beijo torto

que morre na pele seca da noite

Indireto a reta sobre a mesa

mergulho na fonte do infinito

açoito o medo que dorme

arranco o cheiro da ira

perfuro a louça nos dentes

sorvo minhas câimbras lúcidas

e derramo sal no olhar sádico

No gume dos nervos

o mundo é palavra gemida

carne fria, frita, sedenta

é o passo cruel da cura guia

é sexo, ervas e ventos

é ondas abstratas de saturno

é o voo que move a vida.