Saga

Como pedras que rolam dentro do peito

distanciei o amargo que rima com o coração

suguei o beijo que mora nas ruas da noite

transei com as fadas que ruminam eras

aportei meu blues na solidão

que veleja nos escombros da piedade

E ao pegar em suas mãos congeladas de sangue

me silencio diante do calvário de seu olhar

me arrisco no ventre que apodrece meu feto

visto a cor que se esconde nas dores opacas

bebo o cálice do labirinto das lágrimas

que escorrem o sal fresco dos desejos

Sob o arco-íris da beleza pálida

que abre as comportas do abismo

decifro a saga dos elos que libertam

o gozo do sol do meio dia ancestral

invoco os sons rasos que aquecem

os sonhos frios das quimeras

Divido minha pele seca de aromas abstratos

que moram na sola de meus pensamentos turvos

acordo no céu da boca das notas nostálgicas

e tenho delírios que me atraem

canto para o perigo que mora no semblante do medo

me despeço no choro dos silêncios mortos...