POESIA...

POESIA...

Poesia, filha da coragem

A que diz o indizível

E em canto sem maquiagem

Do nada faz o visível.

A lágrima-poesia é sal

Quando é pranto de amor

O rio freia seu caudal

Na rima de amor com dor.

Se o destino é avesso

O verso muda o lamento

Poesia, qual um adereço

Orla de ouro o momento.

Nunca há o impossível

No ato da inspiração

Tudo brota admissível

Na morte ou na perdição.

Sol à noite, lua no dia

Não há morte nem há vida

Dona do tudo, poesia,

Da treva e da luz nascida.

Nem rastro de tempestade

Ou pegadas de tacões

Deixam marcas de saudade...

Poesia brota ilusões.

Se nas nuvens não há chuva

Nem no ar há ventania

Visto como se uma luva

Meu tempo feito poesia.

Por mais que dela se diga

Sem um verbo que a conjugue

Crio a rima; que ela me siga

Para que o meu pranto enxugue.

Em cada gota de lágrima

Há um verso em nostalgia

Mas se eu virar esta página

Fugirá a poesia...