Rua de pedras
Rua de Pedras
Zelosa das horas pouco coloridas
Entre meias tintas e em claro-escuro,
Meus caminhos, hoje, eu ainda procuro
Nas pinceladas pela vida exigidas
Calçadas de pedras são as minhas ruas,
Sob a neve e chuva, medra lama turva
Que sufoca atalhos e esconde a curva
Dos ossos entortados por horas nuas
Onde antes rosas, cravos, quem diria!
Vãos de janelas escuros, sem contornos
Sem vitrines, sem vidraças nem adornos
(Caminhos que inspiram melancolia!)
Do duelo entre o céu e o que me convida,
Linguagem que segreda os meus desejos,
Vislumbro as luzes, onde ainda há solfejos,
Nas pedras mudas que cantam minha vida.