NADA É MAIS ESPESSO
No carro, o tempo é compassado pelo vai e vem
Dos limpadores,
Deixando ver, ao longe, a curva
medida crua de espaço.
Em geral os clichês são verdadeiros
E os círculos se fecham abismados
Sublinhando lugares e contos
Rasgando as serras e os vales que se desenham
À frente.
Retorna-se a antigas casas, extensões de corpos
Papéis antigos sobre a mesa esperando a volta
Pneus marcando de negro as trilhas.
Nada é mais espesso que o sangue
Misturado às lagrimas.
Nada é mais mortal que o mergulho
Em coisas não reconhecidas
Invisíveis demais para serem colocadas à mesa.