Sempre a despedida

O poeta dormirá

No silêncio da noite

Ele dorme tranquilamente.

Uma estrela escapou

Do infinito, veio tocar o chão.

E tudo isso se processou

Num átimo de segundos.

Só o poeta sentiu.

Ontem, "adeus primavera".

As folhas murcham e caem.

O ancião fecha os olhos

E dorme também tranquilamente.

As maçãs nascem

Nas macieiras de minha terra.

É hora de partir,

Para todos,

O poeta diz adeus.

_ Adeus, amigos.

_ Adeus, moça loira da farmácia.

_ Crianças do parquinho, adeus.

_ Cadeira de madeira, adeus.

Sempre combater.

Sempre lutar pelo que se quer.

Sempre nos esconder. Mostrar um Outro.

Sempre a falta. A ausência.

E sempre perder.

Um homem de chapéu corre.

Pega um carro.

Diz também adeus a alguém.

Uma caneta rabisca o papel.

Duas palavras escritas.

Olhos cheios.

Mãos fechadas.

Adeus, meus filhos.

Amael Alves Rabelo Júnior
Enviado por Amael Alves Rabelo Júnior em 23/02/2008
Código do texto: T871923
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