O reverso do meu verso

O reverso do meu verso

Os versos que escrevo

Na calada da noite

Ou em meio às conversas

De um jogo de futebol

Ou dos filhos a escutar música

Não são verdades exclusivas minhas

Podem ser verdades de outrem...

Essas verdades que exponho à análise

São realidades que a vida imprimiu

A cada dia, em alguém ou em mim

Para que deixássemos transbordar o cálice...

E, antes que todo ele derramasse

Fomos obrigados a sorvê-lo

Com sabor doce ou amargo...

Talvez alguém pensasse

No amargor de uma desilusão

E, não de imediato, falasse

Das angústias do seu coração...

Talvez alguém quisesse

Do cálice da vida sorver

Somente o néctar e a doçura...

Mas a vida é o antes e o depois

Tem máscara que encobre os desalentos

Desenganos, atropelos e amarguras...

Tem olhos que falam verdades e dores da alma

Tem boca que silencia o que a mente quer falar

E ouvidos que não querem ouvir

As realidades das caminhadas livres

Nem escutar as vozes dos sonhos e das utopias...

Fazer das verdades invisíveis

Só momentos de ternura

É assim declamar para o mundo ouvir

O reverso dos versos possíveis

Que se perderam muito além

Dos sentimentos embotados

Na imaginação de sonhos impossíveis

Que ficaram aquém...

O tempo escorre pelas nossas mentes

A vida exaure em cada decepção

E, num misto de prazer e dor

Nem percebemos que tudo é fugaz

Mas que viver os sonhos e as fantasias

Mesmo vestidos de alguma nostalgia

Vale a pena!

O que importa ao ser humano

É não passar pela vida apenas.