O teu canto

Causa-me espanto a tua dor

velada sob esta maquiagem.

Sorriso de bela ninhagem,

meiguice, palavras de amor...

São tantas e tantas denúncias

Dos olhos marejados então,

Histórias de um bom coração

que chora amargas renúncias.

No vai e vem de uma estrada,

com verdes ventos de borda,

se a lágrima ainda não acorda,

vagueias em torno do nada.

Seguindo sem direção,

tu choras e andas sozinha,

e meu afago é minha poesia

que levas...

será que em vão?

Seca o teu pranto abafado,

e limpa as bordas do caminho

com o aroma da flor sem espinho

e solte o teu canto calado.