O dia em que o "doutor" foi enganado

Orlando, de família nobre,

jamais fora pobre.

Pisava as pessoas,

humildes, mas boas.

Formado em direito

estufava o peito, todo empertigado.

O nariz, empinado.

Andava assim, distraído

quando esbarrou em Jamil.

E Jamil, mil desculpas pediu.

Vê se olhas onde for,

Não vês que já sou dotor.

Nos olhos a raiva

e o anel que brilhava,

mais orgulho lhe dava.

Com uma faculdade és assim?

O que sobra pra mim, que fiz três,

uma de cada vez.

Os olhos de Orlando mudaram,

até a raiva sumiu.

E ele olhava Jamil

cheio de admiração,

estendeu-lhe a mão:

pediu perdão, cidadão,

o chamou de colega,

e estendeu-lhe um cartão.

Empinou o nariz e partiu.

Mas Jamil nem o viu

Pois olhava o cartão

a queimar-lhe a mão.

De que vale estudar

e deixar-se enganar

por um pobre peão.

Sim, três faculdades fizera,

lembrava Jamil

só não concluira a quarta

pois a obra faliu.

Hoje desempregado,

jogou o cartão amassado

em uma lixeira qualquer....

Quem, alguma vez, já não se portou como Orlando?

Quantos Jamil conhecemos?

helio ahcor
Enviado por helio ahcor em 01/05/2008
Código do texto: T969856
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