No mosaico do céu
o pedaço mais brilhante
era teu.
Cheia, nova. Toda tua.
Era o enfeite mais perfeito
do quadro pintado na janela.
Quando te encontrei,
ela se jogou lá do alto
e teus passos no asfalto
viraram festa. Vida nova.
Ah, a lua era a prova
cabal e palpável
do universo que brinca,
ao conspirar senil
por mim e por ti.
E na noite derradeira
que anunciava o fim,
pobre de mim.
Deitado na rede
e envolto na sede
de te ter ali.
Soube que a lua
já não viria
e que ela brilharia
para um outro alguém,
que nem tem
a saudade crescente
e que agora
é minguante.
Cá estou,
de volta à rua
depois o eclipse,
da última lua.