poema para a noite
foram ruas que nunca mais caminhei,
foram brejos que nunca mais visitei,
foram luas
que andando entre as nuvens
custavam chegar,
chegar ao fim do mundo,
chegar ao infinito
no passeio doido e embriagado que elas dão
pelas noites,
a longa distância do corpo e da lua,
esse corpo louco que pensa na lua
mas prende na terra.
foram mais de mil anos de músculo,
de sangue, de pedra,
foram tempos que eu nunca vivi,
em que eu jamais rolei uma lágrima ao chão,
mas a chuva e o barro
na terra
clamavam
o tempo chegado do vinho e do pão.