Retirante

Buscaste a melhor vida,

Deixando a caatinga,

O Sertão Encantado...

Deixando as tradições,

As festas do Padroeiro,

As alpercatas de couro,

A casa de pau-a-pique,

A rede que te embala,

A seca que te persegue...

Deixaste a viola, pranto,

Saudade, canção, irmão...

Deixaste o colorido

Da festa do bumba-meu-boi,

Deixaste a alegria

De fazer feira aos domingos,

De barganhar quase tudo,

Só não mesmo a tua vida...

Chegaste do outro lado,

Concreto, cimento armado,

Sem mesmo estar preparado

Para viver, sem ter a vida.

Aqui te acomodaste.

Gente forte é mesmo assim:

Rompe tudo, rompe pedra,

Sem romper o coração...

Bate a saudade da terra,

Da viola abandonada.

É tão duro suportar

A dor a brotar no peito,

Com som de frevo ou batuque...

Com garra, firmeza e fé,

Amoldaste a quase tudo...

Na frieza do concreto,

Na cidade, sem amigos...

Porém o teu coração,

Este está guardadinho,

Juntinho das tradições,

De tua terra distante,

Das festas do teu padrinho!

( Do Livro Diagnóstico)

Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 16/12/2010
Reeditado em 23/05/2011
Código do texto: T2675654
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