Despedida
De teus olhos pendeu-se uma lágrima
Que de tão sofrida evaporou-se no ar
Teu semblante, tão entristecido
Engrandeceu o meu penar
Tuas mãos, tão trêmulas
Seguravam a rosa em desfalecimento
Que dor maior não poderá haver
Senão a de um arrependimento?
O adeus, preso na garganta,
Um sentimento de vazio deixou
A porta, entreaberta,
Com o tempo se fechou
No beiral da janela já não mais estará
Nem nos lábios o sorriso de outrora
O silêncio e o abandono da noite
Serão tua companhia agora
A poeira se acumula pelos cantos
Tudo o mais perdeu a cor
Descobriu com grande tristeza
Que não é doce morrer de amor.
Um dia, então, tudo silenciou
O tempo apagara da lembrança a partida
Mas deixou no coração a marca
Daquela amargurada despedida.